terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Preciso continuar higienizando a cavidade bucal enquanto faço quimioterapia e radioterapia?

Sim. É de extrema importancia manter uma higiene bucal adequada para ajudar a melhorar e manter a qualidade de vida para o paciente durante e após o tratamento do câncer.
Além disso, é preciso que o paciente consulte-se com um cirurgião-dentista antes mesmo do tratamento oncológico. Se a higiene bucal for inadequada, podem existir focos de infecção nos dentes (cáries extensas) ou na gengiva (gengivite ou doença periodontal), inclusive com sangramentos durante a escovação ou com o uso do fio dental. Com isso, há risco de uma infecção bucal, que pode se espalhar pela corrente sanguínea e comprometer outros órgãos durante os períodos de baixa imunidade, que ocorrem durante a quimioterapia.
O tratamento oncológico, ao mesmo tempo em que trata o câncer, pode afetar a saúde do paciente em outros aspectos, onde a quimioterapia ou radioterapia podem causar alguns prejuízos à saúde bucal, caso não seja tomado alguns cuidados simples, mas importantes.
Dentre as estruturas mais comumente afetadas pela radiação estão as glândulas salivares. Essas glândulas são responsáveis pela produção de saliva, que possui muitas funções de proteção para os dentes e mucosa bucal. Uma diminuição na produção de saliva e até mesmo a não produção, deixa os pacientes sujeitos a desenvolver cárie dentária.
ORIENTAÇÕES:
Ø  Todos os dispositivos como próteses, só devem ser usados para facilitar a função. Dentaduras devem ser usadas apenas para ajudar a comer e não para fins estéticos durante a radioterapia; 
Ø  É provável que seu médico vá prescrever-lhe vários bochechos medicamentosos, para ajudar a combater infecções bacterianas e fúngicas, como a candidose (sapinho). Estas são infecções oportunistas que surgem assim que o sistema imunológico do corpo é comprometido, ou seja, fica mais frágil;
Ø   É importante a hidratação labial com manteiga de cacau ou vitamina E, durante todo o dia
Ø  Em casos de boca seca (xerostomia), pode-se utilizar também um gel ou spray para lubrificar a mucosa bucal; 
Ø  Evitar qualquer coisa picante uma vez que, vai queimar ou arder e causar uma sensação desagradável; 
Ø   O uso de anestésico local antes da refeição é recomendado. Xilocaína gel tópica é comumente prescrita para esta finalidade, embora existam muitos outros medicamentos disponíveis; 
Ø  O creme dental pode ser o da preferência do paciente, desde que não seja muito abrasivo;
Ø    O uso de cremes dentais com flúor, bochechos com flúor, bem como, um tratamento para boca seca vai continuar mesmo após o tratamento de o câncer ser concluído.

E se tiver muita dor, como higienizar?
Os pacientes são aconselhados a esfregar suavemente com uma escova de dentes super macia ou esponja aplicadora para não causar qualquer dano na gengiva. As plaquetas podem cair a níveis alarmantes, assim, mesmo pequenos cortes e arranhões podem sangrar por um longo tempo. O uso de fio dental pode machucar a gengiva entre os dentes, logo, requer bastante cuidado.
Dessa forma, pode-se oferecer qualidade de vida e aumentar as possibilidades de sucesso do tratamento, não só através do uso de medicamentos, mas também por meio da motivação do paciente, aprimorando suas habilidades para higienização e os cuidados com a saúde bucal.

Ana Cláudia Ramin Silva 


TENHO PARENTES QUE TIVERAM CÂNCER, VOU TER TAMBÉM? QUAIS AS MINHAS CHANCES DE DESENVOLVER CÂNCER E QUAL TIPO?



O fator genético e o câncer (CA) têm ligações um tanto quanto fortes e evidentes, mas não é porque muitos familiares seus tem câncer que você necessariamente terá também. O câncer aparece quando existe um fator genético predisponente ALIADO a fatores ambientais. Por exemplo, câncer de pulmão, tem um fator ambiental muito comum nos pacientes com esse tipo de CA: o fumo.
De acordo com o onco­logista Bernardo Garicochea, coordenador da unidade de aconselhamento genético do Hospital Sírio-Libanês, só 30% dos tumores são determinados por um conjunto de genes herdados dos familiares, em torno de 5% estão ligados a mutações es­pecíficas. Assim, o médico pode analisar o tipo de tumores que acometem a família e solicitar um teste genético para identificar o gene no indivíduo, para esse teste ser solicitado, os médicos oncologistas ou/e profissionais especialistas em aconselhamento genético, avaliam alguns sinais como: o número de indivíduos da família que tiveram/têm o mesmo tipo de tumor/câncer, se tem pessoas que tiveram a doença cedo (por exemplo, câncer de mama antes dos 40 anos) e se alguém teve dois tipos de tumores diferentes em seguida ou nos dois lados do corpo de forma independente. Encontrando o defeito genético no indivíduo é procurado o mesmo defeito nas outras pessoas.
Segundo José Cláudio Casali, especialista em câncer hereditário e médico oncogeneticista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), é importante descobrir essa predisposição a ter a doença, principalmente pela possibilidade de prevenção. Sabendo da possibilidade de ter o tumor, o indivíduo pode realizar exames mais regulares e específicos para identificar o câncer que pode vir a ter, além de, controlar melhor o aparecimento do problema.
Os cânceres mais associados a fatores hereditários são o de mama e de intestino, mas nem sempre a doença está relacionada com o acontecimento de muitos casos na família. Já o câncer de pulmão está quase que totalmente relacionado ao cigarro, fumantes ou fumantes passivos são os principais acometidos por ele, o mesmo acontece no câncer de colo de útero, o qual é causado pelo HPV e o câncer de boca que está relacionado ao consumo do tabaco e álcool.


Ana Cláudia Ramin Silva