segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Alterações em cavidade bucal durante o tratamento da quimioterapia e radioterapia


Como a quimioterapia e a radioterapia são modalidades de tratamentos antineoplásicos que causam efeitos colaterais na boca, a cavidade bucal pode ser a origem dos processos infecciosos durante o tratamento oncológico, agravando assim, o quadro clínico do paciente. Dessa forma, o tratamento odontológico deve ser planejado em conjunto com a equipe multiprofissional, que cuida deste paciente, para melhorar sua condição bucal antes do tratamento e cuidar, adequadamente, dela durante e depois do tratamento e consequentemente evitar ou diminuir a severidade dos efeitos colaterais que possivelmente venham a ocorrer. È importante resaltar que a irradiação provoca alterações bucais apenas quando atinge a região de cabeça e pescoço.
Dentre essas alterações, destacam-se:

MUCOSITE: a mucosite bucal surge como uma vermelhidão (eritema) e em seguida evolui para úlceras (feridas que se parecem com aftas, porém, maiores), podendo haver sangramento e edema (inchaço). Leva a um desconforto severo, ocasionando uma queda da qualidade de vida, devido à dor e distúrbios funcionais, que surgem e comprometem a mastigação, deglutição e fonação, bem como, dificulta a higienização. Desaparece após o termino do tratamento.
XEROSTOMIA: a sensação de boca seca surge ao mesmo tempo em que o paciente sente que a saliva fica mais espessa, e pode provocar cáries, bem como dificuldade de mastigação e deglutição, além de modificar a flora natural da boca. Sua intensidade varia de acordo com o tratamento empregado, podendo amenizar ou desaparecer quando o tratamento termina.
NEUROTOXICIDADE: às vezes, o paciente relata dor aguda na boca ou dentes, localizada ou generalizada, e não há sinais clínicos de cárie, doenças periodontais (de gengiva) ou outras infecções bucais; são sintomas da neurotoxicidade, decorrente das medicações contra o câncer. Desaparece após o término do tratamento.
HIPOGEUSIA: é a diminuição da sensação relacionada ao gosto ou paladar.  É comum o paciente sentir gosto “metálico” ou mesmo, não sentir o sabor salgado ou doce. Varia de pessoa para pessoa, mas geralmente isso se normaliza após o término do tratamento.
TRISMO: é a impossibilidade de abrir a boca completamente durante o tratamento por meio de radioterapia que atinge a região de côndilo, o paciente pode apresentar dificuldade e dor ao tentar abrir a boca.
OSTEORRADIONECROSE: é decorrente da radioterapia de cabeça e pescoço, a osteorradionecrose − necrose do osso − é uma séria complicação. Ela surge com a exposição do tecido ósseo dos ossos maxilares, devido a algum processo infeccioso, como cárie, doença periodontal ou trauma. Como é de difícil cuidado, deve ser prevenida.
SANGRAMENTO GENGIVAL: o paciente pode apresentar queda no número de plaquetas e, assim, as chances de sangramento aumentam. É preciso ter cuidado com traumas na boca.
INFECÇÕES OPORTUNISTAS POR FUNGOS, BACTÉRIAS OU VÍRUS: em consequência da intensa imunodepressão ocorrida em função da quimioterapia ou radioterapia, o paciente tem mais chances de desenvolver infecções na boca, como a candidíase (conhecida como “sapinho”) e herpes (vírus que pode causar vesículas e úlceras nos lábios ou dentro da boca).
CÁRIE DE RADIAÇÃO: a cárie dental é uma ocorrência frequente nos pacientes submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço. É causada pela alteração na qualidade e quantidade de saliva e consequentemente na instalação de uma flora bacteriana cariogênica. A equipe odontológica deve implementar ações específicas como o controle da placa bacteriana e a terapia com flúor tópico.
TEMA 2: Desmistificação da biópsia
Quando o médico pede uma biópsia é porque existe a suspeita de que o tecido possui alguma alteração que não pode ser vista em outros exames, e por isso, é necessário realizar o exame prontamente, a fim de, diagnosticar o problema de saúde, para iniciar o tratamento, assim que possível. Esse problema pode não necessariamente ser um câncer, pois a grande maioria das lesões da boca são benignas.
O que é a biópsia?
O termo biópsia vem do grego, bios = vida e opsis = aparência, visão. É o procedimento cirúrgico no qual se colhe células ou um pequeno fragmento de tecido orgânico para serem posteriormente submetidos a estudo em laboratório, visando determinar a natureza e o grau da lesão estudada. Também podem ser examinados líquidos, secreções, esfregaços e outros materiais orgânicos. Praticamente todos os órgãos e componentes corporais podem ser biopsiados: músculos, pele, ossos, líquidos, secreções, entre outros. Apesar de ser um procedimento cirúrgico, geralmente a biópsia é bem simples e exige somente anestesia local.
Quais as indicações para se fazer uma biópsia?
O mais comum é realizar a biópsia naquelas pessoas com suspeitas diagnósticas de doenças que podem provocar alterações morfológicas nas células e tecidos, como os tumores, por exemplo, ou para estabelecer um diagnóstico diferencial entre enfermidades semelhantes. Esse exame diagnóstico é indicado tanto em enfermidades simples, como as verrugas, ou nas mais graves, como o câncer. Embora o termo biópsia sempre desperte certa apreensão nas pessoas, a maioria delas revela situações simples e benignas. Além disso, a biópsia pode ajudar a avaliar a gravidade da lesão e a evolução do tratamento. Em lesões de malignidade suspeita ou confirmada, as biópsias ajudam a estabelecer o grau histológico de neoplasia e a determinar a natureza, taxa de crescimento e agressividade do tumor, ajudando a elaborar o plano do tratamento e a prever o prognóstico da doença.
Para que serve uma biópsia?
Uma biópsia serve para esclarecer um diagnóstico se ainda restarem dúvidas depois da história clínica, exame físico, dados bioquímicos e de imagens. Em casos de tumores, além de definir o diagnóstico, podem estabelecer a malignidade ou não deles e o grau histológico em que se encontram. Ajudando muito, a saber, qual o melhor tratamento para aquele paciente.
Em casos de lesões benignas o fato de removê-la para o exame já serve como uma forma de tratamento. 


Ana Cláudia Ramin Silva 

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